Juliana Marins: uma vida interrompida e a montanha que calou o Brasil
Juliana Marins era mais do que uma turista brasileira em busca de aventura. Ela era filha, amiga, mulher sonhadora, alguém que atravessava o mundo com brilho nos olhos e coragem no coração. No entanto, o destino a levou até as encostas de um vulcão — e de lá, ela não voltou viva.
Caiu em um dos abismos mais cruéis da natureza, mas não foi a fúria da montanha o maior obstáculo. Foi a negligência humana. O tempo corria, e cada minuto poderia ser decisivo. Mas a resposta das autoridades locais foi lenta, burocrática, ineficiente. Em tempos em que drones cruzam os céus e satélites monitoram cada passo da Terra, a ausência de recursos tecnológicos, de protocolos de emergência eficazes e de uma resposta à altura da vida humana foi um golpe tão duro quanto o acidente em si.
O guia — aquele que deveria zelar pela segurança, orientar, proteger — mostrou-se despreparado, talvez até irresponsável. Erros humanos somados à falta de fiscalização e preparo transformaram uma aventura em tragédia.
E enquanto o poder público titubeava, foram os alpinistas voluntários — homens e mulheres de coragem silenciosa — que mostraram ao mundo o verdadeiro valor da empatia. Sem amparo, com poucos recursos, enfrentaram o frio, o risco, o desespero. Foram eles que desceram, vasculharam, desafiaram as pedras e a fumaça do vulcão em busca de Juliana. E embora a tenham encontrado já sem vida, foram eles que a trouxeram de volta. Foram eles que não permitiram que ela ficasse sozinha nas profundezas da terra.
O Brasil chora Juliana. Chora não só por sua morte trágica, mas pela sensação de impotência. Pela falta de preparo. Pelo abandono. E ao mesmo tempo, aplaude de pé os heróis sem farda, que não buscaram glória nem aplausos — apenas humanidade.
Que a história de Juliana Marins não seja enterrada com ela. Que sirva de alerta, de clamor por mudança. Para que nenhuma outra vida seja interrompida por causa da inoperância, do descaso e da ausência de ação quando o tempo é tudo o que se tem.
Juliana agora descansa. Mas sua história precisa continuar viva.
Sandro César Roberto
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