CUIDADO E VIGILÂNCIA: A PROTEÇÃO INFANTIL DEVE SER CONSTANTE
A infância é uma fase de descobertas, vulnerabilidades e confiança. Nela, a criança confia plenamente nos adultos — pais, professores, profissionais da saúde — esperando acolhimento, segurança e cuidado. Justamente por essa entrega inocente, é fundamental que nós, como sociedade, pais e responsáveis, exerçamos vigilância constante, mesmo em ambientes que, a princípio, inspiram confiança, como consultórios médicos, visitas domiciliares e atendimentos especializados.
Infelizmente, casos como os que envolvem abusos sexuais por parte de figuras públicas ou profissionais de saúde revelam a necessidade de um olhar mais atento e firme. A autoridade e o prestígio social de tais pessoas muitas vezes fazem com que suspeitas sejam ignoradas ou que as vítimas sintam vergonha ou medo de falar.
A VISÃO PSICOLÓGICA DOS TRAUMAS
O abuso sexual na infância é uma das experiências mais devastadoras para o desenvolvimento emocional e psíquico de uma criança. Quando isso ocorre, especialmente vindo de alguém em quem se confiava, instala-se um trauma profundo que pode perdurar por toda a vida.
Na visão psicológica, o impacto pode se manifestar de várias formas:
Ansiedade e depressão;
Dificuldades de relacionamento e confiança;
Transtornos de identidade e autoestima;
Automutilação, comportamento autodestrutivo ou isolamento social;
Culpa e vergonha injustificadas;
Problemas escolares e de aprendizado.
O cérebro infantil, ainda em formação, interpreta o abuso como uma violação de tudo o que é seguro. Isso pode gerar bloqueios emocionais severos e dificuldades em reconhecer limites e construir vínculos saudáveis no futuro.
A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA E DO ACOLHIMENTO
Crianças devem ser constantemente orientadas sobre seus corpos, sobre o que é certo ou errado, e principalmente incentivadas a falar. O acolhimento sem julgamentos é a chave para que elas sintam segurança em relatar qualquer desconforto. Uma escuta atenta e sem imposições pode salvar uma vida.
PROTEÇÃO COMEÇA EM CASA, MAS DEVE SE ESTENDER POR TODA A REDE DE APOIO
Os pais devem estar presentes nas consultas médicas, observar mudanças de comportamento e manter um diálogo aberto com seus filhos. Mas essa responsabilidade também deve ser compartilhada com escolas, conselhos tutelares, instituições de saúde e toda a sociedade.
O abuso sexual é um crime cruel que destrói vidas em silêncio. Prevenir é dever de todos nós. A vigilância não é exagero — é amor em forma de proteção.
Sandro César Roberto
Psicanalista/ psicólogo
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