terça-feira, 19 de agosto de 2025

Inversão de infinitos valores


Vivemos em um tempo onde a criminalidade cresce não apenas nos números, mas também na mentalidade coletiva. A inversão de valores corroeu o que antes era base da família e do trabalho: hoje, muitas vezes o esforço honesto é desvalorizado, enquanto o atalho ilícito é visto como esperteza.

Na psicanálise social, isso reflete um sintoma profundo: a falência dos referenciais simbólicos que estruturam a vida em comunidade. O trabalhador, que deveria ser exaltado por sustentar a sociedade com suor e dignidade, é frequentemente invisível. Já o criminoso, paradoxalmente, recebe espaço — seja pelo medo que impõe, seja pela romantização de sua figura.

O efeito disso é devastador. Moralmente, o país adoece: crianças crescem sem referências sólidas de ética, e a juventude aprende que transgredir pode ser mais recompensador do que construir. Profissionalmente, instala-se o desencanto: o mérito perde força, a disciplina se fragiliza e a dignidade do trabalho se dissolve.

Quando o crime passa a ser mais valorizado que o esforço, a sociedade não apenas perde o rumo — ela se fragmenta internamente. E a consequência maior é o enfraquecimento do tecido social: famílias desestruturadas, profissionais desmotivados e uma cultura que já não distingue claramente o certo do errado.

O caminho de volta exige mais que leis e punições: requer resgate dos valores humanos, do respeito ao trabalhador e da reconstrução de um ideal coletivo em que o crime não seja visto como caminho, mas como doença social que precisa ser tratada e superada.

Sandro César Roberto 

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