quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Dia do Psicólogo


Hoje celebramos o Dia do Psicólogo, uma profissão que vai muito além do consultório.
É a arte de ouvir sem julgamentos, de acolher dores invisíveis, de ajudar a transformar feridas em caminhos de cura.

O psicólogo é aquele que caminha junto, que oferece um olhar humano e científico diante das angústias, conflitos e sonhos.
É quem estende a mão quando a vida parece pesar demais e mostra que dentro de cada pessoa existe força para recomeçar.

Neste dia, celebramos não apenas os profissionais, mas também a missão de cuidar da mente, resgatar a esperança e fortalecer a vida.
Parabéns a todos os psicólogos que fazem da escuta, da empatia e da dedicação uma ponte para o bem-estar humano.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Surto Psicótico Justifica Crime


Tragédia em Sinop: o feminicídio da fonoaudióloga e o surto psicótico

Na tarde de domingo, 24 de agosto de 2025, Ana Paula Abreu Carneiro, de 33 anos, fonoaudióloga graduada pela UnB e cursando mestrado na FGV, foi assassinada com entre 15 e 20 facadas pelo namorado, Lucas França Rodrigues, no centro de Sinop (MT) . Ana era uma profissional querida, que compartilhava sua rotina e declarações amorosas nas redes sociais, o que intensificou a comoção pública .

Segundo a Polícia Civil, o suspeito foi encontrado em estado de surto psicótico, relatando o crime de forma perturbadora: ele enviou fotos do corpo da vítima à família dela e depois à família dele, antes mesmo da prisão . Ele resistiu à prisão e precisou ser contido com armas de choque .


---

O contexto psicanalítico

Em uma abordagem psicanalítica, o episódio pode ser visto como o desfecho extremo de uma falha severa na estruturação do ego e uma ruptura com a realidade. O surto psicótico, caracterizado pela perda de contato com o mundo externo e a dominância de pulsões agudamente destrutivas, sugere a superação dos mecanismos normais de defesa (negação, repressão) por uma emergência psíquica sem mediação simbólica.

Psicanaliticamente, pode-se considerar que o objeto amoroso (Ana) foi desinvestido de sua dimensão simbólica e transformado em um alvo pulsional. O ato violento indica uma fusão entre desejo e destruição — a vítima, em última instância, encarna o real traumático que irrompe sem passagem simbólica possível.


---

Punição e tratamento: qual o caminho?

1. Justiça penal

No atual ordenamento jurídico brasileiro, um crime dessa gravidade pode configurar feminicídio, cuja pena varia entre 12 e 30 anos de reclusão — podendo ser maior se agravantes estiverem presentes. Deve-se garantir um processo justo, com avaliação psiquiátrica e jurídica para definir capacidade de culpabilidade e eventual imputabilidade reduzida.

2. Tratamento psiquiátrico

Se confirmado que o suspeito estava, de fato, em surto psicótico, é necessário implementar:

Internação em unidade psiquiátrica, com supervisão médica rigorosa e adequada proteção do paciente e da sociedade.

Tratamento medicamentoso e psicoterápico voltado para estabilização clínica e melhor integração psíquica.

Avaliação contínua, incluindo laudos de peritos e revisões judiciais periódicas, para evitar abusos ou liberações prematuras.


3. Políticas públicas e prevenção

Fortalecer o acesso a serviços de saúde mental, com equipes multiprofissionais capazes de identificar sinais de desestruturação psicológica antes que resulte em tragédia.

Criar canais de denúncia e apoio voltados a relações abusivas ou comportamentos psicóticos emergentes.

Programas de educação emocional e empatia nas escolas, incentivando o desenvolvimento de vínculos saudáveis.



---

Reflexão final

O caso de Ana Paula Carneiro é uma tragédia incomensurável — uma vida interrompida de forma brutal. Psicanaliticamente, evidencia o que ocorre quando o laço simbólico se desfaz e o sujeito perde a mediação entre o real vingativo e o desejo pulsional. Sob o ponto de vista legal e sanitário, impõe urgência na articulação entre justiça equitativa e cuidado psiquiátrico responsivo.

Só um sistema que assegure proteção à vítima, responsabilização adequada do agressor, e tratamento adequado aos distúrbios psíquicos graves, estará cumprindo a complexa função de prevenir novos episódios devastadores como esse.

Sandro César Roberto 
---

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Alcoolismo Jovem


O alcoolismo na adolescência é um fenômeno que ultrapassa o simples ato de beber socialmente. Na luz da psicanálise, compreendemos que o jovem, ainda em processo de construção do seu eu, busca no álcool uma forma de aliviar conflitos internos, ansiedades e lacunas afetivas. O consumo precoce muitas vezes é um pedido de pertencimento: o desejo inconsciente de ser aceito em grupos, de parecer adulto ou de fugir das pressões familiares e sociais.

A modernidade intensifica esse processo: festas, redes sociais, propagandas que glamourizam a bebida, influenciadores digitais e a facilidade de acesso ao álcool empurram o adolescente para um terreno perigoso. O que começa como uma experiência recreativa pode se transformar em dependência, afetando o desenvolvimento emocional, prejudicando o rendimento escolar, comprometendo vínculos familiares e até abrindo portas para outros vícios.

As consequências psíquicas são profundas: baixa autoestima, dificuldade em elaborar frustrações, conflitos na formação da identidade e até comportamentos autodestrutivos. O adolescente, nesse estado, tenta preencher um vazio simbólico com a substância, mas encontra apenas mais angústia e desintegração interna.

Na psicanálise, o olhar volta-se para além do sintoma: busca-se compreender o que o álcool representa na vida desse jovem. É um escudo contra a dor? Um chamado de atenção? Uma tentativa inconsciente de se libertar de figuras de autoridade? O tratamento e a prevenção não podem se limitar à repressão do consumo, mas devem incluir acolhimento, escuta e compreensão, permitindo que o adolescente encontre novas formas de simbolizar sua dor e construir sua subjetividade sem recorrer à fuga química.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Inversão de infinitos valores


Vivemos em um tempo onde a criminalidade cresce não apenas nos números, mas também na mentalidade coletiva. A inversão de valores corroeu o que antes era base da família e do trabalho: hoje, muitas vezes o esforço honesto é desvalorizado, enquanto o atalho ilícito é visto como esperteza.

Na psicanálise social, isso reflete um sintoma profundo: a falência dos referenciais simbólicos que estruturam a vida em comunidade. O trabalhador, que deveria ser exaltado por sustentar a sociedade com suor e dignidade, é frequentemente invisível. Já o criminoso, paradoxalmente, recebe espaço — seja pelo medo que impõe, seja pela romantização de sua figura.

O efeito disso é devastador. Moralmente, o país adoece: crianças crescem sem referências sólidas de ética, e a juventude aprende que transgredir pode ser mais recompensador do que construir. Profissionalmente, instala-se o desencanto: o mérito perde força, a disciplina se fragiliza e a dignidade do trabalho se dissolve.

Quando o crime passa a ser mais valorizado que o esforço, a sociedade não apenas perde o rumo — ela se fragmenta internamente. E a consequência maior é o enfraquecimento do tecido social: famílias desestruturadas, profissionais desmotivados e uma cultura que já não distingue claramente o certo do errado.

O caminho de volta exige mais que leis e punições: requer resgate dos valores humanos, do respeito ao trabalhador e da reconstrução de um ideal coletivo em que o crime não seja visto como caminho, mas como doença social que precisa ser tratada e superada.

Sandro César Roberto 

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Relacionamentos liberais: Liberdade afetiva ou fuga emocional?

A sociedade atual, marcada pela rapidez das conexões e pela valorização do prazer imediato, tem abraçado com mais frequência os chamados relacionamentos liberais. A proposta parece simples: viver o amor e o sexo sem exclusividade, sem posse, com liberdade. Mas sob o olhar da Psicologia, o que está realmente em jogo?

Muitos entram nesse modelo em busca de liberdade, mas alguns o fazem por medo. Medo de se apegar, de sofrer, de repetir traumas antigos. Outros carregam carências profundas, mascaradas pelo discurso da independência afetiva. Há também quem opte por esse caminho como resposta ao fracasso de relacionamentos monogâmicos anteriores.

Os efeitos, porém, nem sempre são leves: sentimentos de solidão, esvaziamento emocional, confusão de identidade afetiva e dificuldades para criar vínculos sólidos são consequências recorrentes.

A Psicologia não condena o modelo liberal — mas alerta para o autoconhecimento. É preciso saber por que você escolhe esse estilo de vida. É liberdade real ou apenas uma fuga emocional?

Relações saudáveis não dependem de rótulos, mas de respeito, consciência e verdade emocional.

Sandro César Roberto 



terça-feira, 5 de agosto de 2025

Quando. beleza é Inimiga


O Peso dos Padrões: Quando a Beleza se Torna Sofrimento

Vivemos sob o domínio de um espelho cruel: o da mídia. Ele reflete padrões inatingíveis, corpos esculpidos, rostos congelados em expressões que não expressam nada. A verdadeira beleza — aquela que nasce da essência — tem sido substituída por uma corrida cega por aceitação.

Homens e mulheres, cada vez mais jovens, buscam no bisturi e nos procedimentos invasivos a resposta para uma pergunta que nem sempre sabem fazer: "Quem sou eu sem a validação do outro?" Muitos desses tratamentos resultam em tragédias físicas e emocionais. Deformações, arrependimentos profundos, e uma autoestima ainda mais fragilizada do que antes.

Do ponto de vista da Psicanálise, esse fenômeno revela algo mais profundo: o vazio. Um inconsciente marcado pela falta, por traumas, por discursos internalizados desde a infância sobre o que é ser bonito, desejável, aceito. O corpo torna-se então o palco de uma batalha psíquica.

Não se trata de condenar a estética, mas de compreender seus limites. Qual o preço de parecer belo aos olhos dos outros e continuar sentindo-se feio aos olhos de si mesmo?

A verdadeira transformação começa quando olhamos para dentro. Quando enfrentamos nossas feridas, quando tratamos o sujeito e não apenas o invólucro.

A beleza mais poderosa não é a que impressiona, mas a que transmite verdade.
E essa, nenhum padrão pode impor.

Sandro César Roberto 

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Amor vira Maldade

Sessenta Murros no Rosto: A Dor que o Silêncio Não Pode Mais Calar

Ela levou sessenta murros no rosto. Sessenta. Uma contagem que grita o horror, o desprezo pela vida e o descontrole brutal de quem deveria proteger — ou, no mínimo, respeitar. O que leva um homem a espancar uma mulher com tamanha fúria? O nome disso é tentativa de feminicídio, mas por trás do ato há mais: uma patologia mental, uma alma doente, possivelmente tomada por traços graves de transtornos de personalidade, como o transtorno antissocial ou narcisista em grau severo, combinados com um padrão psíquico destrutivo e misógino.

Ninguém que esteja em equilíbrio emocional, com mínima capacidade empática, é capaz de agir com tamanha violência. Sessenta socos não são um impulso. São um projeto. Um roteiro cruel de dominação, humilhação e aniquilação.

É preciso compreender que esse tipo de agressor não está apenas cometendo um crime — ele está perpetuando um ciclo. E esse ciclo precisa ser interrompido com ação do Estado, da Justiça e da Saúde Mental. A internação psiquiátrica pode ser necessária em casos extremos, mas jamais deve substituir o encarceramento. Quem tenta matar uma mulher não pode conviver em sociedade. Deve ser retirado dela, tanto para proteger outras vidas quanto para, quem sabe, iniciar um processo de responsabilização e tratamento — sim, tratamento, mas privado da liberdade, pois o direito à vida da vítima sempre virá em primeiro lugar.

Essa mulher sobreviveu. Mas quantas não conseguem? Quantas morrem em silêncio, em casa, nas mãos de parceiros adoecidos, possessivos e perigosos? A resposta está na coragem de romper o ciclo, na denúncia, no acolhimento psicológico às vítimas, na vigilância social e na punição proporcional e exemplar aos agressores.

Sessenta murros no rosto não são apenas lesões físicas. São gritos de uma sociedade que ainda falha em proteger suas mulheres. Que esse caso seja um alerta, uma revolta e um marco. Porque amar não dói. O que dói é o silêncio, a omissão e a impunidade.

Sandro César Roberto 

#FeminicídioÉCrime #ViolênciaContraMulher #PsicanáliseDenuncia #ChegaDeSilêncio #JustiçaJá #SessentaMurros #NãoFoiSurtoFoiTentativa #PuniçãoComTratamento



Feminismo x felicidade

Feminismo x Felicidade: “Liberdade ou cobrança?” O feminismo trouxe conquistas históricas, mas também gerou novos impasses. Muitas mulheres ...