Rambo, a Dor Invisível e os “Rambos” da Vida Real no Brasil
O início de Rambo: Programado para Matar nunca foi sobre explosões ou heroísmo. É sobre um homem quebrado.
John Rambo surge como um veterano abandonado pelo mundo, vagando sem rumo, carregando traumas que ninguém enxerga. Busca apenas um rosto amigo, um pouco de compreensão, um lugar onde sua dor possa existir sem ser julgada. Encontra solidão, rejeição e hostilidade.
Rambo escancara uma verdade que preferimos ignorar:
existe sofrimento que anda ao nosso lado, e ainda assim passamos direto, fingindo não ver.
Ele representa todos aqueles que tentam sobreviver à própria mente enquanto o mundo exige força, frieza e silêncio.
E quando o xerife o aborda com desprezo, a violência ali não é só física — é social, emocional, psicológica.
É o recado cru:
“Sua dor não tem espaço aqui.”
E é aqui que a ficção se mistura com nossa realidade.
Quantos Rambos existem hoje no Brasil?
Quando olhamos para as nossas forças de segurança, a pergunta se torna urgente.
Quantos policiais, agentes, militares e servidores públicos estão vivendo o mesmo colapso silencioso?
Homens e mulheres que enfrentam violência todos os dias, carregam traumas, lidam com extremos… e ainda assim não têm o básico: apoio emocional e psicológico.
Eles são exigidos como máquinas, mas sofrem como humanos.
A guerra termina no expediente — mas continua na cabeça.
A expectativa social é brutal:
seja forte, seja duro, não desmorone, não sinta.
Só que por trás da farda existe alguém tentando manter uma família, lidar com perdas, sobreviver à pressão e à falta de estrutura.
Alguém que não tem licença para fraquejar — nem no trabalho, nem em casa.
E isso cobra um preço devastador.
Sem acolhimento, sem terapia, sem preparo emocional, muitos desses profissionais vivem em estado permanente de batalha interna. E o mais trágico é que muitos pedem ajuda apenas com o silêncio… e ninguém escuta.
Precisamos falar sobre isso. Urgente.
Cuidar desses profissionais não é luxo; é necessidade.
A saúde mental deles não é detalhe; é fundamento.
Ignorar isso é perder vidas — às vezes lentamente, às vezes de uma vez.
Rambo, lá atrás em 1982, já mostrava o que acontece quando a sociedade se recusa a enxergar a dor de um guerreiro.
Hoje, no Brasil, não podemos cometer o mesmo erro.
Porque no fim, a questão é simples e brutal:
quantos vamos perder antes de entender que quem protege também precisa ser protegido?
Sandro César Roberto
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