Benefícios Psicológicos e Psicanalíticos da Interação com Animais em Pacientes Neurológicos
A presença de animais em contextos terapêuticos tem se mostrado um importante recurso complementar no cuidado de pacientes neurológicos. Cães, cavalos, gatos e até animais de fazenda vêm sendo incorporados em programas de reabilitação física e emocional, produzindo efeitos notáveis tanto na recuperação motora quanto na esfera psíquica do sujeito.
Do ponto de vista psicológico, o contato com o animal desperta sentimentos de afeto, empatia e segurança. Pacientes que frequentemente se sentem isolados, limitados por suas condições neurológicas, passam a experienciar um vínculo vivo e responsivo. O toque, o olhar e o cuidado com o animal estimulam a liberação de ocitocina e serotonina, hormônios ligados ao bem-estar, reduzindo a ansiedade, a depressão e o estresse.
Na psicanálise, essa relação ultrapassa o campo fisiológico: o animal ocupa um lugar simbólico, funcionando como um espelho afetivo que não julga, não exige coerência verbal e aceita o sujeito em sua condição de fragilidade. Através do vínculo com o animal, o paciente pode projetar sentimentos, medos e afetos reprimidos, encontrando uma forma de expressão emocional não verbal que muitas vezes antecede ou complementa a fala.
Em pacientes com lesões neurológicas, doenças degenerativas (como Parkinson ou Alzheimer) ou condições como autismo e paralisia cerebral, o animal pode tornar-se um mediador terapêutico. No caso da equinoterapia, por exemplo, o cavalo proporciona estímulos motores tridimensionais que favorecem o equilíbrio, a coordenação e o tônus muscular. Já a cão-terapia atua mais diretamente nas dimensões afetivas e sociais, reforçando o sentimento de pertencimento e autoestima.
Além disso, o pet assume um papel simbólico fundamental na reconstrução da subjetividade. Ele representa o cuidado, a escuta silenciosa e a presença constante — aspectos muitas vezes carentes em ambientes hospitalares ou de reabilitação. A relação afetiva com o animal reintroduz no paciente o sentimento de ser olhado e reconhecido, algo essencial para a restauração da identidade e do desejo de viver.
Em síntese, o uso terapêutico de animais não é apenas um recurso auxiliar, mas um instrumento de reintegração emocional e simbólica. Na união entre corpo, afeto e inconsciente, o animal torna-se um elo entre o humano e o vital, despertando no paciente neurológico algo que a psicanálise valoriza profundamente: a possibilidade de reencontrar o sentido do laço e da vida.
Sandro César Roberto
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