quarta-feira, 29 de janeiro de 2025


 

O abandono e os maus-tratos a idosos são marcas dolorosas de uma sociedade que, muitas vezes, ignora a sabedoria e as histórias acumuladas ao longo de uma vida. Muitos idosos, que dedicaram anos ao cuidado de suas famílias, encontram-se relegados à solidão ou submetidos à violência, seja física, psicológica ou até mesmo patrimonial. Quando esses atos vêm de filhos, netos ou até de estranhos, o impacto é devastador, corroendo não apenas o corpo, mas também a alma.

O abandono por parte dos filhos e netos fere profundamente. Pais e avós, que tantas vezes foram a base da estrutura familiar, são vistos como um fardo em vez de serem valorizados pelo que representam. Já os maus-tratos de estranhos evidenciam o desprezo de uma sociedade que frequentemente negligencia o respeito pelo outro, especialmente pelos mais vulneráveis. Essa dor, invisível aos olhos de muitos, grita na forma de depressão, ansiedade e desespero.

À luz da psicologia, é fundamental compreender que esses comportamentos são reflexos de padrões culturais, emocionais e sociais. Por um lado, há famílias que lidam com traumas intergeracionais não resolvidos, resultando em descaso ou agressividade. Por outro, há uma cultura que prioriza o "útil" e o "produtivo", descartando aqueles que não se enquadram mais nesses moldes.

Mas há esperança. A psicologia pode ser um canal de transformação. É possível educar famílias sobre o valor do diálogo e da empatia, ajudando a reconstruir laços desgastados pelo tempo e pelo descuido. Psicólogos e psicanalistas podem trabalhar diretamente com os idosos, fortalecendo sua autoestima e resgatando o sentido de pertencimento. Além disso, ações coletivas, como campanhas de conscientização e políticas públicas, são essenciais para criar redes de apoio e proteção.

Como sociedade, precisamos resgatar o respeito e a gratidão por aqueles que vieram antes de nós. É um chamado para olhar além das limitações da idade e enxergar a humanidade, o legado e o amor que ainda estão ali, esperando apenas para ser reconhecidos. O cuidado com os idosos é mais do que uma responsabilidade; é uma demonstração de quem realmente somos.


Sandro César Roberto

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