O Poder que Transforma: Quando a Chefia se Torna Ditadura
A ascensão a cargos de liderança pode revelar aspectos inesperados da personalidade de um indivíduo. Muitas vezes, profissionais competentes e cordiais, ao serem promovidos a chefes, gerentes ou supervisores, apresentam uma mudança drástica de comportamento, tornando-se autoritários, intransigentes e, em casos extremos, verdadeiros ditadores organizacionais. Essa transformação pode ser analisada sob diversas lentes da Psicologia, especialmente no que se refere ao impacto do poder sobre o comportamento humano.
A Psicologia do Poder
O poder tem um efeito profundo sobre a psique. Estudos na Psicologia Social demonstram que, ao assumir posições de autoridade, algumas pessoas desenvolvem uma sensação de superioridade, passando a ver subordinados como meros instrumentos para atingir objetivos organizacionais. O fenômeno conhecido como "Síndrome do Pequeno Ditador" ocorre quando o indivíduo, ao conquistar um cargo de chefia, internaliza um modelo autoritário, muitas vezes inspirado em superiores anteriores, e passa a reproduzi-lo de maneira exacerbada.
A Teoria do Contágio do Poder, proposta por pesquisadores da Psicologia Organizacional, sugere que indivíduos que antes eram cooperativos podem mudar drasticamente ao perceberem que suas decisões não são mais questionadas. Esse efeito é intensificado em ambientes onde a cultura empresarial valoriza o controle rígido e a hierarquia inflexível
Fatores que Contribuem para o Comportamento Autoritário
1. Insegurança e Necessidade de Afirmação
Muitos novos líderes sentem a necessidade de se impor para ganhar respeito. O medo de parecerem fracos ou inexperientes pode levar à adoção de uma postura agressiva e controladora.
2. Identificação com o Opressor
A Teoria da Identificação com o Agressor, proposta por Freud, explica como pessoas que sofreram abusos de autoridade no passado tendem a reproduzi-los quando assumem posições de liderança. Assim, um funcionário que teve um chefe autoritário pode internalizar essa dinâmica e reproduzi-la ao assumir um cargo superior.
3. Falta de Inteligência Emocional
Liderar exige habilidades emocionais, como empatia, escuta ativa e autocontrole. Quando esses elementos estão ausentes, o líder tende a recorrer ao autoritarismo como forma de compensação para sua incapacidade de gerir pessoas de maneira equilibrada.
4. Cultura Organizacional Tóxica
Empresas que premiam resultados acima do bem-estar dos funcionários estimulam líderes a adotarem posturas despóticas, ignorando a humanização das relações no ambiente de trabalho.
Sandro César Roberto
Psicologo /Psicanalista
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