O Tempo, os Fracassos e o Futuro na Visão da Psicanálise
O tempo na psicanálise não é linear. Ele pulsa dentro de nós, em memórias, desejos e repetições. O que passou continua vivo, o presente é atravessado por marcas inconscientes, e o futuro é sempre uma construção psíquica permeada de expectativa e angústia.
Os fracassos, por sua vez, não são apenas quedas no percurso. Muitas vezes, são repetições de padrões inconscientes, sinais de conflitos internos não elaborados ou defesas contra o próprio desejo. A psicanálise nos ensina que o fracasso pode ser uma linguagem do inconsciente: quando o sujeito se sabota, pode estar obedecendo a mandatos invisíveis herdados da infância, da culpa, do medo de desejar.
Aquilo que não conseguimos realizar — os sonhos interrompidos, os caminhos não trilhados — também dizem de nós. Não são meramente ausências, mas testemunhos da nossa história emocional. Freud já afirmava que o sujeito não é senhor em sua própria casa: há forças internas que influenciam nossas escolhas, nossas perdas e nossos adiamentos.
Mas é justamente nesse ponto que se abre uma porta para o futuro. Ao dar voz ao inconsciente, ao interpretar os sintomas e reconhecer os padrões que se repetem, o sujeito pode reescrever sua trajetória. O futuro, então, deixa de ser uma repetição do passado e pode se tornar um espaço de criação, um campo de liberdade.
Fracassar não é o fim. É um chamado à escuta. Um convite para olhar o que não foi possível e perguntar: o que em mim ainda insiste em não me deixar ir adiante?
A psicanálise não promete felicidade plena, mas oferece algo mais profundo: a possibilidade de um encontro com o desejo verdadeiro. E quem encontra seu desejo, encontra também um novo tempo — um tempo onde o futuro não é temido, mas desejado.
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