domingo, 16 de novembro de 2025

Rambos do Brasil


Rambo, a Dor Invisível e os “Rambos” da Vida Real no Brasil

O início de Rambo: Programado para Matar nunca foi sobre explosões ou heroísmo. É sobre um homem quebrado.
John Rambo surge como um veterano abandonado pelo mundo, vagando sem rumo, carregando traumas que ninguém enxerga. Busca apenas um rosto amigo, um pouco de compreensão, um lugar onde sua dor possa existir sem ser julgada. Encontra solidão, rejeição e hostilidade.

Rambo escancara uma verdade que preferimos ignorar:
existe sofrimento que anda ao nosso lado, e ainda assim passamos direto, fingindo não ver.

Ele representa todos aqueles que tentam sobreviver à própria mente enquanto o mundo exige força, frieza e silêncio.
E quando o xerife o aborda com desprezo, a violência ali não é só física — é social, emocional, psicológica.
É o recado cru:
“Sua dor não tem espaço aqui.”

E é aqui que a ficção se mistura com nossa realidade.

Quantos Rambos existem hoje no Brasil?

Quando olhamos para as nossas forças de segurança, a pergunta se torna urgente.
Quantos policiais, agentes, militares e servidores públicos estão vivendo o mesmo colapso silencioso?
Homens e mulheres que enfrentam violência todos os dias, carregam traumas, lidam com extremos… e ainda assim não têm o básico: apoio emocional e psicológico.

Eles são exigidos como máquinas, mas sofrem como humanos.
A guerra termina no expediente — mas continua na cabeça.

A expectativa social é brutal:
seja forte, seja duro, não desmorone, não sinta.
Só que por trás da farda existe alguém tentando manter uma família, lidar com perdas, sobreviver à pressão e à falta de estrutura.
Alguém que não tem licença para fraquejar — nem no trabalho, nem em casa.

E isso cobra um preço devastador.

Sem acolhimento, sem terapia, sem preparo emocional, muitos desses profissionais vivem em estado permanente de batalha interna. E o mais trágico é que muitos pedem ajuda apenas com o silêncio… e ninguém escuta.

Precisamos falar sobre isso. Urgente.

Cuidar desses profissionais não é luxo; é necessidade.
A saúde mental deles não é detalhe; é fundamento.
Ignorar isso é perder vidas — às vezes lentamente, às vezes de uma vez.

Rambo, lá atrás em 1982, já mostrava o que acontece quando a sociedade se recusa a enxergar a dor de um guerreiro.
Hoje, no Brasil, não podemos cometer o mesmo erro.

Porque no fim, a questão é simples e brutal:
quantos vamos perder antes de entender que quem protege também precisa ser protegido?

Sandro César Roberto 

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

PET!


Benefícios Psicológicos e Psicanalíticos da Interação com Animais em Pacientes Neurológicos

A presença de animais em contextos terapêuticos tem se mostrado um importante recurso complementar no cuidado de pacientes neurológicos. Cães, cavalos, gatos e até animais de fazenda vêm sendo incorporados em programas de reabilitação física e emocional, produzindo efeitos notáveis tanto na recuperação motora quanto na esfera psíquica do sujeito.

Do ponto de vista psicológico, o contato com o animal desperta sentimentos de afeto, empatia e segurança. Pacientes que frequentemente se sentem isolados, limitados por suas condições neurológicas, passam a experienciar um vínculo vivo e responsivo. O toque, o olhar e o cuidado com o animal estimulam a liberação de ocitocina e serotonina, hormônios ligados ao bem-estar, reduzindo a ansiedade, a depressão e o estresse.

Na psicanálise, essa relação ultrapassa o campo fisiológico: o animal ocupa um lugar simbólico, funcionando como um espelho afetivo que não julga, não exige coerência verbal e aceita o sujeito em sua condição de fragilidade. Através do vínculo com o animal, o paciente pode projetar sentimentos, medos e afetos reprimidos, encontrando uma forma de expressão emocional não verbal que muitas vezes antecede ou complementa a fala.

Em pacientes com lesões neurológicas, doenças degenerativas (como Parkinson ou Alzheimer) ou condições como autismo e paralisia cerebral, o animal pode tornar-se um mediador terapêutico. No caso da equinoterapia, por exemplo, o cavalo proporciona estímulos motores tridimensionais que favorecem o equilíbrio, a coordenação e o tônus muscular. Já a cão-terapia atua mais diretamente nas dimensões afetivas e sociais, reforçando o sentimento de pertencimento e autoestima.

Além disso, o pet assume um papel simbólico fundamental na reconstrução da subjetividade. Ele representa o cuidado, a escuta silenciosa e a presença constante — aspectos muitas vezes carentes em ambientes hospitalares ou de reabilitação. A relação afetiva com o animal reintroduz no paciente o sentimento de ser olhado e reconhecido, algo essencial para a restauração da identidade e do desejo de viver.

Em síntese, o uso terapêutico de animais não é apenas um recurso auxiliar, mas um instrumento de reintegração emocional e simbólica. Na união entre corpo, afeto e inconsciente, o animal torna-se um elo entre o humano e o vital, despertando no paciente neurológico algo que a psicanálise valoriza profundamente: a possibilidade de reencontrar o sentido do laço e da vida.

Sandro César Roberto 

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Masculino/Feminino

O Adolescente e a Repulsa pela Própria Feminilidade

Na contemporaneidade, observa-se um fenômeno crescente: adolescentes do sexo masculino manifestando traços femininos — na fala, na postura, na sensibilidade e até na forma de expressão emocional — e, paradoxalmente, demonstrando repulsa, vergonha ou até hostilidade diante dessas mesmas características.

Esse conflito interno nasce da colisão entre dois mundos psíquicos. De um lado, a sociedade moderna, que flexibiliza papéis de gênero e valoriza a liberdade de expressão. Do outro, um inconsciente coletivo ainda preso a arquétipos rígidos de masculinidade — o guerreiro, o dominador, o invulnerável.

Quando o jovem, em processo de formação de identidade, expressa aspectos da anima (a parte feminina da psique descrita por Jung), ele toca zonas de vulnerabilidade e afeto que a cultura masculina costuma reprimir. O desconforto, então, não vem apenas da aparência ou do gesto, mas da sensação de “traição” ao ideal masculino internalizado desde a infância.

A repulsa é, na verdade, um mecanismo de defesa — uma forma inconsciente de tentar recalcar aquilo que desperta medo: a perda da referência identitária e o julgamento social. Ao rejeitar o feminino em si, o adolescente busca reafirmar a masculinidade idealizada, mas acaba se distanciando da própria autenticidade emocional.

O trabalho terapêutico deve focar na integração: compreender que os polos masculino e feminino coexistem em todos os seres humanos, e que o equilíbrio entre força e sensibilidade é o verdadeiro sinal de maturidade psíquica. Somente quando o adolescente aceita suas nuances, ele deixa de lutar contra si mesmo e começa, enfim, a se tornar inteiro.

Sandro César Roberto 

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Entre o amor e a espada


🕋 REALIDADE CRUEL — O AMOR SOB A ESPADA

Em algumas nações onde a fé dita a lei, o simples ato de amar pode custar a vida.
Homens são perseguidos, torturados e, muitas vezes, decapitados em praças públicas, diante de multidões que aplaudem como se o sangue limpasse o pecado.
Outros são apedrejados, enforcados ou lançados do alto de edifícios — e tudo isso em nome de Deus.

O crime?
Amar alguém do mesmo sexo.
Desejar o que o dogma não permite.
Ser o que a tradição insiste em apagar.

A fé que deveria acolher se torna lâmina; o altar, cadafalso.
E o silêncio do mundo é ensurdecedor.
Enquanto corpos tombam, governos se calam, e o medo se perpetua nos becos e nas almas.

Esses homens e mulheres vivem o terror de existir entre duas mortes:
a física, que os regimes impõem;
e a psíquica, que nasce da vergonha, do ódio introjetado e da culpa que corrói o ser.

Na lente da psicanálise, o que vemos é um ego despedaçado — o sujeito aprisionado entre o desejo e o superego social que o condena.
Ele aprende a odiar a si mesmo para tentar sobreviver num ambiente que o nega.
Mas o recalque coletivo sempre cobra seu preço: violência, repressão e sofrimento que se repetem de geração em geração.

A verdadeira doença não está no desejo —
está na sociedade que precisa destruir o outro para silenciar o próprio medo.

E talvez um dia, quando o amor deixar de ser sentença e voltar a ser milagre,
a fé volte a cumprir seu papel original: salvar, não matar.

Sandro César Roberto 

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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

"Inveja"


O olhar psicanalítico sobre a inveja e o desejo de prejudicar

Sob o olhar da psicanálise, a inveja não é apenas um sentimento simples de querer o que o outro tem — é um afeto primitivo, profundamente enraizado na estrutura do psiquismo humano. Surge cedo, ainda na infância, quando o bebê percebe que o outro possui algo que ele deseja intensamente, mas não pode ter. Nesse instante, forma-se uma tensão entre o desejo e a falta, e o objeto amado passa a ser, ao mesmo tempo, fonte de prazer e de ódio.

O desejo de prejudicar o outro, de destruir aquilo que causa inveja, é uma defesa inconsciente diante da dor de se sentir inferior ou impotente. Em vez de lidar com a frustração, o ego tenta “eliminar” o objeto que desperta o incômodo. É uma tentativa inconsciente de restaurar o equilíbrio psíquico — uma fantasia de que, ao diminuir o outro, se recupera o próprio valor.

Por isso, a psicanálise reconhece que todos nós estamos sujeitos à inveja. Ela é parte da condição humana e, quando negada, pode se transformar em ressentimento, sabotagem ou prazer no sofrimento alheio. O desafio está em reconhecer esse afeto sem se deixar dominar por ele. Quando a inveja é reconhecida e elaborada, pode se converter em admiração, inspiração e crescimento.

Em última análise, a psicanálise nos ensina que a inveja fala menos sobre o outro e mais sobre a nossa relação com a falta, com o desejo e com o amor. É no reconhecimento dessa sombra interna que começa o verdadeiro processo de amadurecimento psíquico.

— Sandro

Referência:
Klein, M. Inveja e gratidão (1957).

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Marcados


O Código Invisível

As escrituras alertam: “E fará que a todos... lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal...” (Apocalipse 13:16-17). Por séculos, interpretamos esse trecho como uma profecia distante, um futuro sombrio onde o demônio marcaria a humanidade com o código da besta — talvez um número, um chip, uma marca física. Mas será que esse futuro já não chegou silenciosamente, sem chifres nem chamas?

Hoje, todos estamos marcados. Padres, pastores, bispos, fiéis — todas as igrejas, todas as mãos, até as das crianças. A marca não veio como temíamos, veio como desejávamos. Um código de barras, um QR Code, um chip no celular. Nenhum de nós vive sem ele. Não compramos, não vendemos, não viajamos, não nos localizamos sem o sistema que carrega o “sinal” digital de cada um.

O texto sagrado não explicou como seria essa marca — apenas que viria. E ela veio. Entrou em nossos bolsos, grudou em nossas mãos, rastreia nossos passos e dita nossos hábitos. Tornou-se conforto, status e dependência. Pagamos caro para tê-la. Amamos o que nos controla.

A marca não é mais o medo do inferno. É a sedução do progresso. E enquanto celebramos o avanço, esquecemos que talvez a profecia não falava de um chip no corpo… mas de uma prisão invisível na alma.

Sandro César Roberto
Psicanalista

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segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Amor canino


O elo terapêutico entre a criança e o cachorro 🐾💫

Na luz da Psicologia, a presença de um cachorro na vida de uma criança com transtornos neurológicos é mais do que companhia — é intervenção emocional e desenvolvimento afetivo em forma de afeto. O animal não fala, mas comunica. Não interpreta, mas compreende. Ele acessa, sem esforço, aquilo que muitas vezes a palavra não alcança: o vínculo.

A interação com o cachorro desperta na criança algo essencial — a sensação de ser aceita como é. Esse vínculo estimula a autorregulação emocional, reduz a ansiedade e favorece a socialização, pois o animal funciona como um mediador entre o mundo interno e o externo. O toque, o olhar e o ritmo tranquilo da convivência com o cão ajudam o cérebro infantil a reorganizar emoções, favorecendo o aprendizado e o bem-estar.

Mais que um amigo, o cachorro se torna um espelho emocional, refletindo segurança, amor e constância. Ele ensina empatia, desperta a afetividade e devolve à criança o sentido do vínculo humano — de forma pura, sem julgamento, e com uma ternura que nenhuma técnica é capaz de simular.

Em cada gesto simples, o cachorro faz aquilo que a Psicologia mais busca: curar por meio do vínculo, do afeto e da presença verdadeira. 🧠🐶💙
Sandro César Roberto 
Claudio (adestrador )

Rambos do Brasil

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