terça-feira, 23 de setembro de 2025

Feminismo x felicidade

Feminismo x Felicidade: “Liberdade ou cobrança?”
O feminismo trouxe conquistas históricas, mas também gerou novos impasses. Muitas mulheres se veem pressionadas a serem “fortes”, “independentes” e, ao mesmo tempo, realizadas em todas as esferas. A psicanálise mostra que a felicidade não está em padrões coletivos, mas no encontro singular com o próprio desejo. O risco é transformar a liberdade em mais uma cobrança, quando o que se busca é a possibilidade de ser quem realmente se é.

Sandro César Roberto 


segunda-feira, 22 de setembro de 2025

"Álcoolismo"


A influência psicológica no alcoolismo e o papel do AA

O alcoolismo não é apenas uma questão de consumo excessivo, mas um sintoma de conflitos internos, frustrações e mecanismos de defesa que a mente utiliza para suportar dores emocionais. Muitas vezes, o álcool aparece como um “anestésico psíquico”, trazendo alívio momentâneo da ansiedade, da angústia e de sentimentos de vazio. Porém, a médio e longo prazo, o uso recorrente mina a autoestima, fragiliza os vínculos afetivos e aprisiona o sujeito em um ciclo de dependência física e psicológica.

Nesse cenário, o Alcoólicos Anônimos (AA) cumpre um papel fundamental. Ao oferecer suporte em grupo, ele cria um espaço de acolhimento, identificação e pertencimento — fatores que combatem diretamente o isolamento, a culpa e a sensação de impotência que acompanham o dependente. A troca de experiências possibilita que a pessoa não apenas se sinta compreendida, mas também encontre exemplos vivos de superação, fortalecendo sua própria esperança.

Do ponto de vista psicológico, os principais obstáculos enfrentados pelo indivíduo no processo de recuperação incluem:

1. Negação – a dificuldade de reconhecer a gravidade do problema, sustentada pela ilusão de controle.


2. Vergonha e culpa – sentimentos que impedem a busca por ajuda e alimentam a autossabotagem.


3. Medo da mudança – abandonar o álcool implica abrir mão de um “companheiro constante”, o que pode ser vivido como perda.


4. Pressões sociais e familiares – ambientes pouco compreensivos ou cheios de cobranças podem reforçar recaídas.


5. Fragilidade emocional – traumas, angústias e conflitos não elaborados exigem enfrentamento psicológico, o que torna a abstinência ainda mais desafiadora.



Assim, o tratamento do alcoolismo exige mais do que disciplina: requer uma transformação interior, apoiada pelo trabalho terapêutico, pelo suporte de grupos como o AA e, sobretudo, pelo reconhecimento de que a dependência não é sinal de fraqueza, mas um pedido inconsciente de socorro.

Sandro César Roberto 

sábado, 20 de setembro de 2025

Suicídio Jovem


💔 Suicídio entre jovens: um alerta que não podemos ignorar
O suicídio é a terceira causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos no mundo. Por trás dos números, existem histórias de dor, isolamento e sofrimento profundo.
⚠️ Por que isso acontece?
Não há uma única causa. Entre os fatores mais comuns estão:

Depressão e ansiedade não tratadas

Bullying, abuso ou violência

Pressão social e acadêmica

Uso de álcool e drogas

Sentimento de ser um fardo para os outros

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Luto


O luto e o acolhimento na escuta psicanalítica

Na perspectiva psicanalítica, o luto é um processo inevitável da existência, porque todo sujeito, em diferentes momentos da vida, é convocado a lidar com perdas. Freud, em Luto e Melancolia (1917), nos lembra que o luto é o trabalho psíquico pelo qual o sujeito se vê obrigado a retirar os investimentos libidinais depositados em um objeto perdido. Esse objeto pode ser uma pessoa amada, mas também um ideal, uma função social, um projeto ou até mesmo uma imagem de si.

O sofrimento diante da perda não se resolve com pressa. A escuta analítica, nesse contexto, é um espaço de acolhimento no qual a dor pode ser dita, repetida, silenciada e elaborada. O analista não oferece respostas prontas, mas sustenta o tempo do sujeito, reconhecendo que a elaboração do luto é singular e não se encaixa em fórmulas universais.

Acolher não significa consolar. Significa legitimar o sofrimento, permitir que o sujeito fale de sua perda sem que esta seja diminuída, comparada ou apressada. O luto, quando acolhido, abre a possibilidade de simbolização: a dor pode ser transformada em narrativa, e a ausência, em memória.

No percurso do luto, a função do analista é sustentar o espaço em que o vazio se torne habitável. Não se trata de apagar a falta, mas de permitir que o sujeito se reposicione diante dela. É no atravessamento dessa experiência que o desejo pode se reconfigurar, oferecendo ao sujeito uma possibilidade de continuar vivendo, agora marcado por uma perda, mas também pela chance de novos significados.

Sandro César Roberto 


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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Dia do Psicólogo


Hoje celebramos o Dia do Psicólogo, uma profissão que vai muito além do consultório.
É a arte de ouvir sem julgamentos, de acolher dores invisíveis, de ajudar a transformar feridas em caminhos de cura.

O psicólogo é aquele que caminha junto, que oferece um olhar humano e científico diante das angústias, conflitos e sonhos.
É quem estende a mão quando a vida parece pesar demais e mostra que dentro de cada pessoa existe força para recomeçar.

Neste dia, celebramos não apenas os profissionais, mas também a missão de cuidar da mente, resgatar a esperança e fortalecer a vida.
Parabéns a todos os psicólogos que fazem da escuta, da empatia e da dedicação uma ponte para o bem-estar humano.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Surto Psicótico Justifica Crime


Tragédia em Sinop: o feminicídio da fonoaudióloga e o surto psicótico

Na tarde de domingo, 24 de agosto de 2025, Ana Paula Abreu Carneiro, de 33 anos, fonoaudióloga graduada pela UnB e cursando mestrado na FGV, foi assassinada com entre 15 e 20 facadas pelo namorado, Lucas França Rodrigues, no centro de Sinop (MT) . Ana era uma profissional querida, que compartilhava sua rotina e declarações amorosas nas redes sociais, o que intensificou a comoção pública .

Segundo a Polícia Civil, o suspeito foi encontrado em estado de surto psicótico, relatando o crime de forma perturbadora: ele enviou fotos do corpo da vítima à família dela e depois à família dele, antes mesmo da prisão . Ele resistiu à prisão e precisou ser contido com armas de choque .


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O contexto psicanalítico

Em uma abordagem psicanalítica, o episódio pode ser visto como o desfecho extremo de uma falha severa na estruturação do ego e uma ruptura com a realidade. O surto psicótico, caracterizado pela perda de contato com o mundo externo e a dominância de pulsões agudamente destrutivas, sugere a superação dos mecanismos normais de defesa (negação, repressão) por uma emergência psíquica sem mediação simbólica.

Psicanaliticamente, pode-se considerar que o objeto amoroso (Ana) foi desinvestido de sua dimensão simbólica e transformado em um alvo pulsional. O ato violento indica uma fusão entre desejo e destruição — a vítima, em última instância, encarna o real traumático que irrompe sem passagem simbólica possível.


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Punição e tratamento: qual o caminho?

1. Justiça penal

No atual ordenamento jurídico brasileiro, um crime dessa gravidade pode configurar feminicídio, cuja pena varia entre 12 e 30 anos de reclusão — podendo ser maior se agravantes estiverem presentes. Deve-se garantir um processo justo, com avaliação psiquiátrica e jurídica para definir capacidade de culpabilidade e eventual imputabilidade reduzida.

2. Tratamento psiquiátrico

Se confirmado que o suspeito estava, de fato, em surto psicótico, é necessário implementar:

Internação em unidade psiquiátrica, com supervisão médica rigorosa e adequada proteção do paciente e da sociedade.

Tratamento medicamentoso e psicoterápico voltado para estabilização clínica e melhor integração psíquica.

Avaliação contínua, incluindo laudos de peritos e revisões judiciais periódicas, para evitar abusos ou liberações prematuras.


3. Políticas públicas e prevenção

Fortalecer o acesso a serviços de saúde mental, com equipes multiprofissionais capazes de identificar sinais de desestruturação psicológica antes que resulte em tragédia.

Criar canais de denúncia e apoio voltados a relações abusivas ou comportamentos psicóticos emergentes.

Programas de educação emocional e empatia nas escolas, incentivando o desenvolvimento de vínculos saudáveis.



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Reflexão final

O caso de Ana Paula Carneiro é uma tragédia incomensurável — uma vida interrompida de forma brutal. Psicanaliticamente, evidencia o que ocorre quando o laço simbólico se desfaz e o sujeito perde a mediação entre o real vingativo e o desejo pulsional. Sob o ponto de vista legal e sanitário, impõe urgência na articulação entre justiça equitativa e cuidado psiquiátrico responsivo.

Só um sistema que assegure proteção à vítima, responsabilização adequada do agressor, e tratamento adequado aos distúrbios psíquicos graves, estará cumprindo a complexa função de prevenir novos episódios devastadores como esse.

Sandro César Roberto 
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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Alcoolismo Jovem


O alcoolismo na adolescência é um fenômeno que ultrapassa o simples ato de beber socialmente. Na luz da psicanálise, compreendemos que o jovem, ainda em processo de construção do seu eu, busca no álcool uma forma de aliviar conflitos internos, ansiedades e lacunas afetivas. O consumo precoce muitas vezes é um pedido de pertencimento: o desejo inconsciente de ser aceito em grupos, de parecer adulto ou de fugir das pressões familiares e sociais.

A modernidade intensifica esse processo: festas, redes sociais, propagandas que glamourizam a bebida, influenciadores digitais e a facilidade de acesso ao álcool empurram o adolescente para um terreno perigoso. O que começa como uma experiência recreativa pode se transformar em dependência, afetando o desenvolvimento emocional, prejudicando o rendimento escolar, comprometendo vínculos familiares e até abrindo portas para outros vícios.

As consequências psíquicas são profundas: baixa autoestima, dificuldade em elaborar frustrações, conflitos na formação da identidade e até comportamentos autodestrutivos. O adolescente, nesse estado, tenta preencher um vazio simbólico com a substância, mas encontra apenas mais angústia e desintegração interna.

Na psicanálise, o olhar volta-se para além do sintoma: busca-se compreender o que o álcool representa na vida desse jovem. É um escudo contra a dor? Um chamado de atenção? Uma tentativa inconsciente de se libertar de figuras de autoridade? O tratamento e a prevenção não podem se limitar à repressão do consumo, mas devem incluir acolhimento, escuta e compreensão, permitindo que o adolescente encontre novas formas de simbolizar sua dor e construir sua subjetividade sem recorrer à fuga química.

Feminismo x felicidade

Feminismo x Felicidade: “Liberdade ou cobrança?” O feminismo trouxe conquistas históricas, mas também gerou novos impasses. Muitas mulheres ...