quinta-feira, 23 de outubro de 2025

"Inveja"


O olhar psicanalítico sobre a inveja e o desejo de prejudicar

Sob o olhar da psicanálise, a inveja não é apenas um sentimento simples de querer o que o outro tem — é um afeto primitivo, profundamente enraizado na estrutura do psiquismo humano. Surge cedo, ainda na infância, quando o bebê percebe que o outro possui algo que ele deseja intensamente, mas não pode ter. Nesse instante, forma-se uma tensão entre o desejo e a falta, e o objeto amado passa a ser, ao mesmo tempo, fonte de prazer e de ódio.

O desejo de prejudicar o outro, de destruir aquilo que causa inveja, é uma defesa inconsciente diante da dor de se sentir inferior ou impotente. Em vez de lidar com a frustração, o ego tenta “eliminar” o objeto que desperta o incômodo. É uma tentativa inconsciente de restaurar o equilíbrio psíquico — uma fantasia de que, ao diminuir o outro, se recupera o próprio valor.

Por isso, a psicanálise reconhece que todos nós estamos sujeitos à inveja. Ela é parte da condição humana e, quando negada, pode se transformar em ressentimento, sabotagem ou prazer no sofrimento alheio. O desafio está em reconhecer esse afeto sem se deixar dominar por ele. Quando a inveja é reconhecida e elaborada, pode se converter em admiração, inspiração e crescimento.

Em última análise, a psicanálise nos ensina que a inveja fala menos sobre o outro e mais sobre a nossa relação com a falta, com o desejo e com o amor. É no reconhecimento dessa sombra interna que começa o verdadeiro processo de amadurecimento psíquico.

— Sandro

Referência:
Klein, M. Inveja e gratidão (1957).

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Marcados


O Código Invisível

As escrituras alertam: “E fará que a todos... lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal...” (Apocalipse 13:16-17). Por séculos, interpretamos esse trecho como uma profecia distante, um futuro sombrio onde o demônio marcaria a humanidade com o código da besta — talvez um número, um chip, uma marca física. Mas será que esse futuro já não chegou silenciosamente, sem chifres nem chamas?

Hoje, todos estamos marcados. Padres, pastores, bispos, fiéis — todas as igrejas, todas as mãos, até as das crianças. A marca não veio como temíamos, veio como desejávamos. Um código de barras, um QR Code, um chip no celular. Nenhum de nós vive sem ele. Não compramos, não vendemos, não viajamos, não nos localizamos sem o sistema que carrega o “sinal” digital de cada um.

O texto sagrado não explicou como seria essa marca — apenas que viria. E ela veio. Entrou em nossos bolsos, grudou em nossas mãos, rastreia nossos passos e dita nossos hábitos. Tornou-se conforto, status e dependência. Pagamos caro para tê-la. Amamos o que nos controla.

A marca não é mais o medo do inferno. É a sedução do progresso. E enquanto celebramos o avanço, esquecemos que talvez a profecia não falava de um chip no corpo… mas de uma prisão invisível na alma.

Sandro César Roberto
Psicanalista

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segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Amor canino


O elo terapêutico entre a criança e o cachorro 🐾💫

Na luz da Psicologia, a presença de um cachorro na vida de uma criança com transtornos neurológicos é mais do que companhia — é intervenção emocional e desenvolvimento afetivo em forma de afeto. O animal não fala, mas comunica. Não interpreta, mas compreende. Ele acessa, sem esforço, aquilo que muitas vezes a palavra não alcança: o vínculo.

A interação com o cachorro desperta na criança algo essencial — a sensação de ser aceita como é. Esse vínculo estimula a autorregulação emocional, reduz a ansiedade e favorece a socialização, pois o animal funciona como um mediador entre o mundo interno e o externo. O toque, o olhar e o ritmo tranquilo da convivência com o cão ajudam o cérebro infantil a reorganizar emoções, favorecendo o aprendizado e o bem-estar.

Mais que um amigo, o cachorro se torna um espelho emocional, refletindo segurança, amor e constância. Ele ensina empatia, desperta a afetividade e devolve à criança o sentido do vínculo humano — de forma pura, sem julgamento, e com uma ternura que nenhuma técnica é capaz de simular.

Em cada gesto simples, o cachorro faz aquilo que a Psicologia mais busca: curar por meio do vínculo, do afeto e da presença verdadeira. 🧠🐶💙
Sandro César Roberto 
Claudio (adestrador )

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

A Moda do Obscuro


É perturbador perceber como a moda contemporânea flerta com o obscuro, transformando em estética o que foi símbolo de dor e opressão. Da idolatria velada aos uniformes militares nazistas à recente apropriação das listras dos prisioneiros dos campos de concentração, a indústria parece testar os limites da memória e da ética. O que antes marcava a desumanização, hoje é desfilado com glamour e ignorância histórica. Falta discernimento, empatia e, sobretudo, consciência. Quando a vaidade supera a lembrança do sofrimento humano, a moda deixa de ser expressão e passa a ser provocação vazia — um espelho frio da nossa superficialidade coletiva.

Avaliação psicanalítica:
Sob a ótica psicanalítica, a moda contemporânea revela uma busca inconsciente por poder e pertencimento. A repetição de símbolos ligados à dor e à dominação não é acaso, mas um retorno do reprimido: a tentativa de reencenar, de forma estetizada, aquilo que a humanidade não elaborou plenamente — a culpa e o trauma da barbárie. O consumo de imagens ligadas ao sofrimento é uma forma de negar a própria fragilidade, projetando força onde houve horror. A moda, assim, torna-se sintoma: uma linguagem inconsciente que expressa a negação do luto coletivo e o fascínio do ego pela dominação e pela estética do poder.

Sandro César Roberto 

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Quando o Amor se Vai!

O Enfraquecimento do Carinho e do Amor Conjugal na Perspectiva Psicanalítica

Na visão psicanalítica, o amor entre cônjuges é um campo complexo, tecido por desejos inconscientes, projeções e identificações que se entrelaçam desde o início da relação. No entanto, com o passar do tempo, esse amor pode se fragilizar — não apenas por fatores externos, mas por movimentos internos do próprio psiquismo de cada parceiro.

O carinho e a ternura, que no início fluem como expressão espontânea do desejo de fusão e pertencimento, podem, aos poucos, dar lugar à indiferença. O sujeito, inconscientemente, começa a deslocar seus afetos, a retirar o investimento libidinal que antes estava colocado no outro. Freud chamou esse movimento de “retirada da libido objetal”, que ocorre quando o parceiro deixa de ser fonte de satisfação emocional e passa a ser percebido como objeto frustrante ou ameaçador à autonomia do eu.

Muitas vezes, o que chamamos de “rotina” é, na verdade, o resultado de um recalque do desejo — um medo de revisitar o próprio inconsciente, de lidar com as faltas e as idealizações projetadas no parceiro. Assim, o amor inicial, que tinha um caráter simbiótico e idealizado, se decompõe diante da realidade psíquica e das frustrações inevitáveis da convivência.

O enfraquecimento do carinho é, portanto, um sintoma. Ele denuncia um distanciamento emocional que pode indicar não apenas o fim de um ciclo afetivo, mas também a dificuldade de cada sujeito em sustentar o vínculo diante de suas próprias contradições internas. Quando o amor esfria, o inconsciente grita — e muitas vezes, o casal silencia.

Na luz da Psicanálise, a possível ruptura não é apenas o término de uma relação amorosa, mas o desmoronar de um pacto inconsciente: aquele que unia dois sujeitos não apenas pelo afeto, mas pela necessidade mútua de se reconhecer e se espelhar no outro.
Quando esse espelho se quebra, o casal é convidado — consciente ou inconscientemente — a revisitar suas origens afetivas, seus medos de abandono e suas formas de amar. É nesse ponto que se abre o espaço para o trabalho analítico: compreender o que se perde quando o amor enfraquece e o que, de fato, se tenta preservar com a ruptura.

Sandro César Roberto 


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